Meia-noite em Paris

Porque acho que minhas palavras, meus atos e meus momentos são significativos para serem compartilhados com completos desconhecidos. Não sou um escritor renomado nem se quer tenho desejo de me tornar um, mas as palavras que passam em minha mente por muitas vezes querem estar compartilhadas em pequenas linhas que podem ser vistas em pequenos dispositivos viciantes. O mundo de hoje é tão rápido e dramático que mesmo que eu acredite que sou importante o bastante pra compartilhar minhas palavras, elas serão gastas e mundanas, pois os problemas de hoje não são como os de antes e certamente não serão como os de amanhã, mas de algo eu tenho certeza, meus problemas familiares ou minha insatisfação com o espelho não deveriam ser tão importantes para serem transmitidos a pessoas que nem se importam com isso. Acredito que se há alguma possibilidade de bons escritores estarem aprendendo a arte da literatura hoje em seus quartos, isolados do mundo exterior e vidrados em pequenas telas brilhantes, as futuras gerações não terão tantas boas obras como um dia jovens com nós tivemos.

E o que mais é engraçado nisso tudo é que essas palavras aqui escritas também serão banais e de certo que amanhã quando acordar já terei deixado essa ideologia para trás, porque hoje escrevemos para esquecer e não para fazer história. As pessoas andam céticas demais, as conversas julgadoras demais, os afazeres monótonos demais e a diversão muito compartilhada e pouco vivida. É uma pena saber que mesmo que muitos pensem diferente disso, não há chance de viver completamente no agora, pois por mais que tentemos e nos lembremos dessas palavras, o mundo continuará evoluindo e sem que possamos voltar a trás, teremos que acompanhar os trilhos e nos encaixar no dia de amanhã.

Isso me fez pensar como a vida pode ser mais vivida sem o tiktok, o instagram, o twitter e o vício pelo computador. me pergunto quantas coisas poderia ter feito se não tivesse ficado tanto tempo no celular, poderia ter lido muitos livros que deixei de ler, poderia ter tricotado, ter conversado com as pessoas com interesse genuíno, teria prestado mais atenção no som das ruas cheias e nas feições das pessoas ao meu redor. Espero que eu não esqueça de hoje e desse texto, diferente de tantos outros que escrevi diariamente e esqueci quando me tornei tão cética quanto os outros, tão vazia quando você.

esse texto é uma reflexão eu tive enquanto assistia o filme Meia-Noite em Paris de 2011, vale a pena assistir, disponível no HBO Max.

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